Exclusivo: homem acusado de agredir bebê fala ao Blog do Portari
O homem que está sendo acusado de agredir uma bebê falou com exclusividade com o Blog do Portari e apresentou o seu relato da história. Ele afirma veementemente não ter feito a monstruosidade da qual está sendo acusado e, mais que isso, frisou que “estou à disposição da polícia na minha casa ou no meu serviço, porque não vou fugir por aquilo que eu não devo”. Confira o relato de Fernando feito ao jornalista Rodrigo Portari com exclusividade na manhã desta terça-feira:
“Por mais defeito que eu possa ter algum problema no passado, eu jamais faria isso com uma criança de dois meses, se o resto do ser humano pode ser capaz de uma monstruosidade dessa, comigo não. Minha conduta, do jeito que eu fui criado não me permite chegar a tal ponto.
Quem cuidava da criança madrugada adentro era eu, cheguei a faltar do serviço, porque a mãe tomava remédio forte e dormia. Eu sempre procurava saber se tomava o remédio, eu acompanhei a gravidez. De repente eu virei um monstro e matei a criança?
Portari – E como surgiu essa acusação de agressão?
A mãe passou mal de manhã, ela de vez em quando dá uma convulsão, coisa do tipo. Estava eu e a irmã mais nova dela. Eu disse para a irmã acompanhar a mãe no hospital que eu ia tomar conta da neném. Você vai e acompanha ela lá e eu vou tomar conta da neném. Fui preparar mamadeira, preparar água para dar banho nela, fiz com a maior boa vontade, fazer isso pra menina. Fui cuidar dela. Coloquei a banheira no chão porque a gente não tem suporte. Quando eu, com a menina nos braços, fui colocar ela no banho, a menina esperneou e eu perdi o controle do corpo dela e ela caiu. No que ela caiu, ela chorou bastante na hora, mas, como se diz, até então não apresentou sinais de que tinha acontecido algo de grave, não apresentou. Aí eu peguei dei a mamadeira, dei banho até rápido porque ela estava chorando. Ela mamou um pouco e eu fiquei surpreso, porque ela sempre mamou 100, 120 ml, e mamou só 30. Achei estranho, mas, tudo bem. Nisso, ela meio que ficou meio bamba. Como em outras vezes a gente dava banho e mamadeira e ela ia dormindo, achei normal. Ela dormiu. Nessa dormida dela, fui cuidar das coisas em casa, porque eu estava sozinho. Um pouco depois eu liguei para a menina para saber como ela estava e como estava o andamento no hospital. Na sequência ela me perguntou sobre a neném e eu disse que estava bem, que estava dormindo. Por força do hábito, fui lá olhar a menina e ao chegar no berço a menina já estava branca e com os lábios roxos. Eu entrei em pânico, em desespero. Naquele desespero de ver a menina sem ser reanimada, eu tentei animar ela com massagem no peito, no abdômen, sacolejei ela. Eu entrei em desespero e sai para rua, perguntando para os vizinhos. Até achei uma senhora que olhou e disse que não sabia o que ela tinha. Nisso ela melhorou um pouco a palidez e a moça falou para eu levar para o hospital Eu parei um carro, nem lembro quem era, e pedi para me levar para o hospital. Fui até sem camisa, cheguei no hospital, doido, e entreguei a menina para os médicos. Aí , entre uma coisa e outra, ela foi para Uberaba. Até a última notícia que fiquei sabendo é que tinham retirado as aparelhagens da menina que havia sido colocado nela.
Portari – E o que pensa da repercussão do casos nas redes sociais?
Agora estou vendo essas postagens que eu agredi a menina, que eu agredi a menina. A menina, quando eu conheci, ela estava grávida da neném. Conheci ela de frente onde eu trabalho. Até então, aparentemente, ela parecia estar jogada. Ela estava numa casa de apoio, para quem não tem onde ir. A gente e conheceu, se envolveu e o nascimento da neném pra mim, pode até não acreditar, quando eu vi essa neném prestes a nascer, foi a mesma coisa de eu estar me tornando o pai de uma família. Era o recomeço de uma nova vida. Até minha patroa chegou a me falar que eu fui precipitado, porque não conhecia a menina direito, não sabia quem era a família. Mas eu me envolvi na história dela ali e, como se diz, entre tudo, meu único erro, eu me sinto culpado dela estar no hospital. Mas não da forma como estão me impondo, como se eu fosse um monstro, um assassino de bebês. Eu poso ter mil e um defeitos, mas não sou assassino.
Tanto que, todo mundo que deve, foge. Se eu devesse, eu não estava aqui, eu já tinha ido embora para o mundo. Essa criança significou um novo recomeço para mim. A menina pode não ser minha biologicamente, mas eu acompanhei o nascimento. Eu ia acompanhar o nascimento de uma criança para eu matar ela depois. Independente se uma ou outra pessoa já fez isso com um filho, cada um sabe de si. Eu sei de mim e sei que não sou capaz disso. Até então, eu acredito que até no final dessa tarde, ou até amanhã, eu estou sem dever e tenho que andar escondido. Porque a revolta do ser humano é grande, porque, para juntar uma turma aí para me linchar, isso pode acontecer, é daqui para ali. Isso é dentro de dois tempos que pode acontecer. Estou entre o espeto e a brasa.
A denúncia partiu da suposta avó, porque ela não é avó biológica da menina. E, de uma hora para outra a mulher pegou – é incrível dizer – ela entendeu que tinha sido eu, que tem que me prejudicar, me fazer mal, porque, numa hora dessa, eu posso perder o serviço onde estou e não acho mais serviço em lugar nenhum. Aí vem o X da questão: o que eu ganharia agredindo uma criança, sabendo que seria essa repercussão? Aí, simplesmente eu decidi que ia acabar com a vida da menina e com a minha? É assim que funciona? Porque uma coisa puxa a outra: se eu destruo uma pessoa, eu também destruo a minha. A vida já é difícil sem dever, imagina se a gente devesse?
Por um lado, a minha consciência, falem o que falar, estou tranquilo perante Deus. Apesar dela estar fazendo isso para mim, eu não desejo o mal para essa suposta avó da menina. Eu não cuido da vida dos outros, mas dentro de Frutal a gente conhece a vida de todo mundo, e a dela não é diferente. Acho que ela poderia medir bem o que ela fala e está fazendo. Não estou conseguindo dormir, não consigo nem trabalhar direito devido essa confusão toda. Vou te falar a mais pura verdade: até então não é essa situação que está me perturbando, mas o que me perturba é a saúde da criança, o estado em que ela está. Isso que é prioridade para mim. De resto, depois a gente resolve, e o que tiver que ser, será! Na hora que a polícia quiser falar comigo, estou à disposição, ou na minha casa ou no meu trabalho. Porque não vou fugir de uma coisa que eu não fiz”.
Sobre um possível impedimento que Fernando teria feito da avó ver a criança, ela afirma que de certa forma isso aconteceu depois que ele pegou um dinheiro emprestado com a sogra e essa passou a cobrá-lo na porta de sua casa mesmo antes do vencimento do empréstimo. ‘Mas eu peguei o dinheiro adiantado com minha patroa, paguei ela e pedi pra minha esposa tirar a mãe da porta da minha casa porque não queria confusão e intriga na minha casa. Passado um ou dois dias, eles arrumaram um jeito de ficar pegando a menina para baixo para cima, a bebê. Foi quando eu bati o pé, porque eu vi que a mãe não falava nada e eu disse que não queria saber da neném andando por aí, porque a idade dela não permite que ela fique andando para todo lado, para baixo e para cima. Pedi para dar um tempo para a criança firmar primeiro. Foi quando eu peguei, de uma certa forma, e isso chegou nela. Se ela já estava embirrada comigo, não sei o porquê, porque já até tinha pago o dinheiro para ela, no entanto, virou o que virou“.
Entenda o caso:
Uma criança de dois meses está internada no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro desde o dia 02 de Fevereiro, com diversas lesões graves, que teriam sido causadas pelo companheiro da mãe da criança.
De acordo com a avó do bebê, o suspeito que seria o padrasto, que estava com a criança até que ela foi levada ao Hospital Frei Gabriel e transferida para Uberaba.
A mãe do bebê, D.S.M., 18 anos, está internada em um abrigo na cidade de Uberaba e a avó da criança, Cristiane Mendonça, está acompanhando a neta na U.T.I. que está inclusive com traumatismo craniano.
Segundo declarações da avó em entrevista, exames indicaram que o traumatismo foi devido a uma pancada muito forte que a criança sofreu e que também foi diagnosticada pelo menos duas hemorragias internas. A bebê de dois meses está em coma e está viva por causa dos aparelhos, ainda segundo a avó, “se” a criança sobreviver, ela terá sequelas gravíssimas. (Fonte do caso: Pontalonline.com)